O mínimo que se pode dizer é que o primeiro clássico espanhol da temporada não defraudou as expetativas. No regresso do Real Madrid a Camp Nou, palco onde tinha selado a conquista da Liga, em abril último, depois de uma primeira parte com domínio consentido do Barça e poucas oportunidades, o futebol tomou o freio nos dentes e trouxe mais um espetáculo memorável.
Raúl Albiol foi o substituto do lesionado Pepe, numa equipa merengue que teve Callejón como surpresa inicial. Mourinho apostou forte na consistência do médio, para fechar o flanco direito e apoiar Arbeloa, e o plano deu certo. Apesar do natural domínio do Barcelona, o Real pareceu sempre, nesta fase, uma equipa equilibrada, com os nove remates catalães a resumirem-se apenas a poucas ocasiões concretas. Na maior de entre elas, Messi, no coração da área, rematou para fora, após excelente cruzamento de Daniel Alves na direita.
Na equipa catalã, Tito Vilanova estreava-se em clássicos numa linha de continuidade com a era Guardiola. A titularidade de Pedro dava uma componente mais ofensiva ao onze culé, com Iniesta a recuar para o meio-campo, para se tornar uma das figuras do encontro.
Com Ronaldo muito vigiado, Coentrão foi o português que mais deu nas vistas, nesta fase, sendo obrigado a horas extaordinárias para atenuar o impacto das movimentações de Dani Alves e Alexis Sanchez. Apesar de tudo, o intervalo chegava com sabor a pouco, mas a segunda parte não tardaria a mudar o filme.
Com apenas dez minutos decorridos, e dando tradução ao bom reinício do Real, Cristiano Ronaldo abriu o marcador, na sequência de um canto. Era o quarto golo seguido do português em Camp Nou, que voltou a fazer o gesto de pedir calma aos adeptos culés, tal como há quatro meses.
Mas calma era o que não voltaria a haver até final da partida: o Barça respondeu no minuto imediato, na sequência de um lance em que Pedro partiu no limite do fora de jogo para ultrapassar Coentrão e bater Casillas com um remate cruzado. Depois, com Mourinho a assumir a intenção de ganhar o jogo, com as entradas de Di María e Higuaín, o Barcelona pareceu ganhar um ascendente decisivo.
Primeiro, foi Sergio Ramos a derrubar Iniesta na área, para um penalti que Messi não desperdiçou. Depois, novamente Iniesta, com um trabalho primoroso a deixar Xavi na cara do golo, só com Casillas pela frente. O 3-1 para o Barça era penalizador para um Real Madrid com personalidade forte, e era tributo à ausência forçada do lesionado Pepe. E valeu Casillas, aos 85 minutos, negando a Messi um golo que parecia feito, depois de mais um passe mágico de Iniesta. Mas o jogo teria ainda um derradeiro golpe de teatro, oferecido por Valdés, que tentou driblar Di María em plena área catalã, peritindo ao argentino marcar na baliza deserta.
O 3-2 deixa tudo em aberto para a segunda mão, e sublinha o óbvio: mesmo sem Guardiola, o Barcelona tem argumentos para ameaçar a supremacia merengue no panorama doméstico. Quanto ao Real, que ganhou uma confiança avassaladora nos últimos meses, já não joga encolhido no terreno do rival, tendo discutido o jogo em todas as zonas do terreno.
Eis as equipas
BARCELONA: Valdés; Dani Alves, Piqué, Mascherano, Adriano; Sergio, Xavi (Fábregas, 83 m) e Iniesta, Pedro (Alba, 87 m), Alexis (Tello, 72 m) e Messi.
REAL MADRID: Casillas; Arbeloa, Sergio Ramos, Albiol, Fábio Coentrão; Khedira, Xabi Alonso, Callejón (Di María, 66), Ozil (Marcelo, 81 m), Cristiano Ronaldo e Benzema (Higuaín, 61).
Marcadores: Cristiano Ronaldo (55 m), Pedro (56 m), Messi (70 m g.p.), Xavi (78 m); Di Maria (85 m).
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